6-orestéia-iii,-eumênides-terceiro
Esquilo - Oresteia III, Eumenides
Hesiodo - Teogonia
Hesíodo conta que os primeiros deuses que nasceram foram Caos, Terra, Tártaro e Eros. Caos gerou por si mesmo Érebos e Noite. Noite gerou por si mesma diversos filhos, dentre eles as Erínies. Terra pariu de si mesma o Céu e outros filhos, e com o Céu ela gerou outros tantos. Um desses filhos, Cronos, destronou o pai do comando do Cosmos, e se uniu à irmã Reia. Eles também tiveram muitos filhos, e um deles, Zeus, destronou o próprio pai. Zeus uniu-se a algumas deusas, até que firmou casamento com Hera, também Cronida. Zeus teve uma porção de filhos, dos quais Atena, nascida da cabeça de Zeus após ele ter engolido Métis, a deusa da astúcia, e Apolo, nascido de uma união com a deusa Leto. Na ordem cósmica de Zeus, eles e os demais olímpicos são deuses luminosos. Atena é deusa da sabedoria, Apolo é da presciência. A descendência do Caos contrapõe-se às figuras luminares olímpias. Noite e seus filhos são deuses ctônios. Na trilogia Oresteia, de Ésquilo, Atena e Apolo, por um lado, e as Erínies, por outro, defendem causas diferentes e para isso usam palavras diferentes acerca da justiça: para os primeiros, justiça é investigar e atribuir responsabilidades, e para as segundas, justiça é aplicar uma lei baseada numa espécie de economia do sangue familiar. O caso dessas três peças é o de Orestes, que se vinga contra a assassina do seu pai, a sua própria mãe. Desde a disputa pelo trono de Argos, entre os irmãos Atreu e Tiestes, as Erínies habitam o palácio. Os irmãos trocam traições, e o ápice foi quando Atreu matou os filhos de Tiestes: fingindo uma trégua, Atreu chamou o irmão para jantar e serviu-lhe a carne dos filhos. Tiestes comeu, sem saber, e quando Atreu contou a verdade, Tiestes, horrorizado, amaldiçoou os descendentes dele. Desde então as Erínies habitam o palácio real e não cessam de demandar novo derramamento de sangue. Agamenon e Menelau são, respectivamente, rei de Argos e rei de Esparta. Quando Helena foi roubada de Menelau, Agamenon tratou de contatar outros reis e de reunir os exércitos deles sob o seu comando geral, para uma expedição contra Tróia, lugar para onde Helena foi levada. No momento da partida dos exércitos, contudo, Ártemis cessa os ventos, necessários para que as naus se movam. Agamenon consulta um oráculo, que lhe diz que uma filha dele deve ser sacrificada à deusa. O rei sacrifica sua filha Ifigênia, e então os exércitos partem. A rainha Clitemnestra é deixada para trás, mergulhada em dor. Após dez anos, Agamenon volta para Argos, vitorioso e glorioso. Clitemnestra recebe muito bem o marido, mas naquela mesma noite ela e o amante matam-no. Esse amante é Egisto, filho de Tiestes, e ele se torna o rei de Argos. Orestes, filho do rei assassinado, está exilado há muitos anos, mas ainda assim fica sabendo do que aconteceu com o pai. Ele volta para Argos acompanhado de um irmão, e no palácio apresenta-se como um estrangeiro que tem notícias de Orestes. Os servos o recebem, e a rainha, após ouvir daquele estrangeiro a mentira de que Orestes morreu, presta-lhe a melhor hospitalidade. Naquela mesma noite, porém, Orestes mata a mãe e Egisto. Desde a morte do pai, Orestes vinha sendo atormentado pelas Erínies. Numa consulta a Apolo, Orestes é informado que as Erinies que habitam o palácio querem o sangue da pessoa que matou o rei, e que elas não darão sossego ao jovem. Após matar a mãe, as Erínies reaparecem para Orestes, agora para beber o sangue dele. Orestes refugia-se no santuário de Apolo, onde faz os rituais de purificação. Em seguida, Apolo o orienta a buscar o santuário de Atena, pois a deusa tratará do seu caso. Enquanto isso, o fantasma de Clitemnestra exorta as Erínies a acordarem e a perseguirem o seu assassino. O que acorda as Erínies é o sangue familiar que ainda se pode farejar das mãos de Orestes. Diante da imagem da deusa, Orestes apresenta-se e conta o que fez, sem deixar de dizer que está livre de poluencia. Sem adentrarem o santuário, as Erínies clamam pela justiça da própria causa, e de como o seu quinhão está sendo usurpado pelos novos deuses. A atuação dos deuses olímpicos e a dos ctônios se contrapõem, sim, mas são inseparáveis uma da outra. O reinado de Zeus não eliminou as divindades anteriores, mas as situou no seu lugar, atribuiu-lhes um quinhão, um âmbito de atuação. Os descendentes de Atreu estão sujeitos a uma força vingativa, claro, pois a morte puxa a morte caso não haja uma interrupção. Apolo e Atena interromperam o ciclo sem fim da vingança familiar, pois ele agora recaía sobre um homem piedoso. Apolo recomenda a Orestes uma ação de reparação não pelo sangue familiar derramado, mas pelo amor traído (afinal, a esposa matou o esposo, infringindo os laços de amor). (continua na comunidade do canal).
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