Durante 50 dias de pandemia, Ana Lavrador fez um registro poético desse "tempo suspenso" a que todos fomos alçados. Com uma escrita leve, sensível, a poeta pôs-se a registrar suas impressões de um maquinismo emperrado, em que as ruas estão vazias, as portas estão fechadas e a mente aberta ao questionamento da vacuidade da engrenagem que nos consome. Desde sua "Prisão Dourada"(oxímoro que dá título ao livro e prenuncia as tensões do momento registrado), Ana colhe as flores e os espinhos de uma primavera estranha e pungente.
A relação mais delicada e profunda com seus gatos; a irresponsabilidade
de poderosos e incautos; o respiro provisório de uma natureza
sufocada pela ganância humana; as reuniões virtuais com seus alunos;
os "Pesadelos nesta guerra súbita, / sem defesa e sem data para acordar"
– nada escapa ao olhar atento e agudo desta pintora sutil da paisagem humana,
nesses dias em que vemos "O medo a espalhar-se, / a esperança pousada na escrita".
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