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Movimento, em protesto contra eleição de Lula, provoca 28 km de filas na principal ligação por terra entre Rio e SP
Segundo balanço da concessionária CCR RioSP, às 18h45, a Presidente Dutra ainda tinha bloqueios em quatro municípios fluminenses, segundo a concessionária CCR RioSP. Os pontos ficam em Nova Iguaçu (km 184 e km 185), Barra Mansa (km 281), Queimados (km 196) e Resende (km 310).
A empresa afirma que implantou uma operação de contingência no km 303 da pista, em Resende (RJ), no sentido Rio. "Equipes da concessionária estão desviando o tráfego para o retorno, evitando que o motorista que está em viagem fique parado no congestionamento provocado pela manifestação", diz em nota.
A PRF afirma que apenas na cidade há o envolvimento de caminhoneiros e interdição total da pista. No município, há dois bloqueios, um deles feito por populares.
No sentido Rio, havia 18 quilômetros de tráfego parado. No sentido São Paulo, o congestionamento alcançava 10 quilômetros.
A Polícia Militar e a PRF estavam no local da manifestação, segundo a concessionária.
O museólogo João Pedro Miranda, 29, estava parado na Dutra há oito horas, devido ao protesto em Barra Mansa.
Depois de participar de um compromisso de trabalho em São Paulo, retornava ao Rio de ônibus, mas encontrou a barreira na estrada. "A gente está desde as 5h aqui", diz.
Em caso de uma abertura da via para ônibus, ele cogitava voltar à capital paulista e pegar um avião de volta ao Rio.
A estudante de direito Carina de Oliveira, 24, deixou Umuarama (a 550 km de Curitiba), no interior do Paraná, na tarde de domingo (30), com destino ao Rio de Janeiro, até ficar presa no bloqueio na altura de Barra Mansa.
"Isso [bloqueio] é desumano. Poderiam liberar os ônibus. Estamos exaustos, sem tomar banho", disse Oliveira.
A jovem conta que, devido ao congestionamento formado na rodovia, teve de deixar seu ônibus e caminhar em grupo por mais de dez quilômetros sob o sol, até buscar abrigo em um posto de combustíveis na altura do km 276.
O local virou ponto de encontro de caminhoneiros e outros participantes do bloqueio.
Parte do grupo colocou bandeiras do Brasil em seus caminhões e carros. Alguns usavam camisetas verde-amarelas, além de adesivos de Bolsonaro.
No pátio do posto de combustíveis, os motoristas e demais participantes eram observados por agentes em viaturas da PRF e da PM.
Pelo menos uma ambulância estava no local. Por volta das 16h, uma gestante precisou de atendimento.
A estudante Maria Eduarda Andrade, 21, também viu o sonho de passeio no Rio de Janeiro virar frustração.
Ao lado de três primos, a jovem deixou de ônibus o município de Colorado (490 km de Curitiba), no interior do Paraná, no domingo, e ficou presa em Barra Mansa. "É um pesadelo", disse a jovem, no seu primeiro dia de férias.
Pessoas que ficaram trancadas no bloqueio também reclamaram da falta de auxílio de autoridades para a resolução do impasse.
"Isso não é uma democracia? Fizemos nosso papel ontem [domingo], votamos, e ganhamos isso em troca?", questionou uma turista idosa que também ficou parada no bloqueio e preferiu não ser identificada.
Por volta das 17h, a passagem de alguns ônibus foi autorizada no km 276. Porém, não havia ainda uma definição sobre quando a Dutra seria totalmente liberada.
O ato de caminhoneiros também teve relatos de ânimos exaltados e confusão em Barra Mansa.
Segundo a PRF, às 7h foi registrado um caso de vandalismo contra um carro de uma mulher. A corporação não deu mais detalhes sobre o episódio.
Também houve registro de pessoas que passaram mal em ônibus retidos no congestionamento, segundo a PRF.
O bloqueio da Presidente Dutra provoca reflexos até para quem ainda estava distante do ponto da manifestação. É o caso da servidora pública Maria Luiza Cruz, 34.
Ela passou o fim de semana no Rio, onde trabalhou como mesária nas eleições, e tentava retornar pela manhã de ônibus para São Paulo, onde mora.
A passagem já estava comprada para uma viagem às 7h30, mas acabou cancelada em razão da manifestação dos caminhoneiros.
"Acabei de cancelar minha passagem e estou vendo quanto está custando o bilhete de avião", relatou.
O polo automotivo da Stellantis em Porto Real, no Rio de Janeiro, suspendeu a produção na manhã desta segunda, em decorrência das manifestações que interromperam o tráfego na rodovia que dá acesso ao complexo industrial, impedindo a chegada de funcionários e peças.
A fábrica, que fica perto da rodovia Presidente Dutra, na região de Resende (RJ), produz motores e automóveis das marcas Citroën e Peugeot e emprega cerca de 1.800 pessoas.
A Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) monitora os impactos da paralisação da Dutra. A entidade ainda não se manifestou sobre os reflexos na indústria local.
O bloqueio da Dutra provoca reflexos até para quem ainda está distante do ponto da manifestação. É o caso da servidora pública Maria Luiza Cruz, 34.
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