Eurípides - Ifigênia em Táurida.
Ifigênia não é mais a novilha que foi levada para sacrifício, em Áulida. Agora ela está na Táurida, e é sacerdotisa de Ártemis. Ifigênia é executora da lei local, que manda sacrificar os estrangeiros à deusa. Agora que soube (através de um sonho) da morte de Orestes, o coração de Ifigênia, que antes queria ser compassivo com os gregos, deseja colocá-los no altar sacrificial. Mas ela lamenta que aqueles que a arruinaram, Helena e Menelau, nunca vieram parar nas suas mãos. Ifigênia pensou nessas coisas após ter ouvido de um boiadeiro sobre dois náufragos que acabaram de chegar à terra. Pelo boiadeiro, ela soube o nome de um deles: Pílades. Não é ninguém que ela conheça, então ele pode morrer, sem problemas. Já o nome do outro estrangeiro, que é justamente o de seu caro irmão, ela ignora. O que Ártemis fica sabendo, portanto, não faz diferença para ela. O que faria diferença, ela não fica sabendo. A verdade está velada.
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https://www.youtube.com/watch?v=xZmTJz-DDT8
Continuação do comentário de Homero a partir do capítulo 2 do livro "Corpo, alma e saúde: O conceito de homem de Homero a Platão", de Giovanni Reale.
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https://www.youtube.com/watch?v=LidHXvAkg9Q
Sófocles - Electra
Clitemnestra afirma a justiça do que fez: matar o próprio marido. Mas não é um deus que deveria avaliar isso? Se o sonho, no qual ela viu Agamenon retornar e mostrar um cetro que espalhou sombras por Argos, é um bom prenúncio, que se realize, mas se é mau, que retorne aos inimigos. Mas, bons ou maus prenúncios, não são todos enviados por um deus? Electra acusa a mãe de, por impudência, dividir o leito com o assassino do seu marido. Clitemnestra acusa Electra de impudência, mas, ao dirigir-se a Apolo, diz que precisa abafar a própria voz (ou Electra a difamará pela cidade). Ora, se o ato de Clitemnestra é justo, se é bem justificado por ela, por que não contá-lo todo? Ela espera que Apolo saiba o que ela cala. Mas por que Apolo, deus da iluminação, se dignaria a ouvir o que se esconde? Electra, aquela que fala abertamente sobre as suas dores e as suas acusações, é um estorvo para a rainha. É a última pessoa a lembrar da linhagem dos atridas, enquanto a rainha quer viver com Egisto e seus novos filhos como se não estivesse assentada sobre nenhum mal. Chega um mensageiro, com a notícia - ele logo diz que pode agradar à rainha - da morte de Orestes numa corrida de cavalos. Electra se desespera; é deixada fora do palácio, senta-se à entrada e pede ao irmão morto que envie sua Vindita. Ou que lhe venha a morte.
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https://www.youtube.com/watch?v=lmgB4qUnrWE
Referencia
Walter Otto - Teofania
Como obedecer a um deus grego, se eu e ele estamos na mesma bela totalidade, e os comportamentos meus e dele simplesmente precisam manter essa nossa realidade? As ideias de vontade divina e de obediência humana funcionam para povos cujas divindades são exteriores ao mundo em que se vive.
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https://www.youtube.com/watch?v=bxGH5g4TBa8