'Dirai vos senes duptansa' do mestre Marcabru é um dos melhores poemas morais da história. Na canção, Marcabru está inteiramente preocupado em fazer uma descrição do Falso Amor, alertando o seu perigo utilizando várias analogias ao decorrer do poema.
O trovador diz que quem se envolve com o Falso Amor está brincando com o diabo. É um feiticeiro temível demais para ter sido feito por Deus e já matou milhares de homens sem espada. O Falso Amor é comparado a uma égua que o dia todo quer ser seguida e pode montar de légua após légua sem descanso. Como esta égua, o Falso Amor exige cada vez mais o serviço de seu seguidor sem dar satisfação duradoura, mas liderando sempre.
O Amor falso é um conceito complexo criado por Marcabru, e é uma das causas da ruína da juventude. Ele é, acima de tudo, uma paixão guiada somente pela luxúria, ignorando o lado puro, religioso e matrimonial do amor. Um exemplo bom de Amor falso é a relação adúltera.
*** Tradução (poética) em português:
(I)
Eu vos direi sem hesitação
Do começo dessa canção:
As palavras fazem da verdade a semelhança,
-Escutai!-
Quem frente a proeza balança
Tem semelhança de malvado.
(II)
Juventude fraca, falha, imperfeita.
E o amor é de tal maneira
De tributar todos em sua cadeia.
-Escutai!-
Cada um faça a sua parte
E depois não será preocupado.
(III)
Amor vai como a centelha
Que arde no fogo de maneira
Que depois queima palha e madeira.
-Escutai!-
E não sabe para qual parte fugir,
Aquele que o fogo vai consumir.
(IV)
Direi como o amor sinaliza:
Aqui olha, ali pisca,
Aqui beija, ali moteja,
-Escutai!-
Será mais reta que flecha
Quando eu for seu confidente.
(V)
Amor costumava ser certo,
Mas agora é torto e incorreto,
E adquiriu o hábito.
-Escutai!-
Lá onde não pode morder, lambe
Mais asperamente que um gato.
(VI)
O amor não será verdadeiro de novo,
Pois do mel separou a cera,
Mas sabe bem descascar a pera.
-Escutai!-
É doce como o som da lira,
Mas só se você cortar sua cauda.
(VII)
Com o diabo está brincando,
Quem o amor falso vai aceitando,
Nenhum bastão é necessário para o matar;
-Escutai!-
Não sente mais que quem vai se coçar
Mas só para quando se esfolar.
(VIII)
O amor é de má raça,
Matou mil homens sem espada,
Deus não criou um feiticeiro mais temível!
-Escutai!-
Pois do néscio ao mais sábio
Não faz igual, se o tem ao seu lado.
(IX)
O amor se comporta como a égua,
Que o dia todo quer ser seguida,
E diz que não dará trégua.
-Escutai!-
Mas que pode montar de légua a légua,
Seja com fome ou saciada.
(X)
Achas que eu não sei
Se o amor é cego ou vesgo?
Suas palavras são suaves e polidas,
-Escutai!-
Ferrão mais suave que dum tavão
Porém mais difícil de sarar.
(XI)
Quem por senso de mulher reina
Merece todo mal que lhe venha,
Assim como a Letra nos ensina!
-Escutai!-
Má ventura vos venha,
Se vós isso não guardais!
(XII)
Marcabru, filho de Marcabruna,
Que foi engendrado em tal lua,
Que sabe de como o amor se arruína.
-Escutai!-
Que de mulher nunca amou nenhuma,
E que nem por outra foi amado.
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