a-indignidade-de-aquiles
Referência
André Malta - Selvagem Perdição
Odisseu foi o primeiro, da embaixada enviada por Agamenon, a suplicar a Aquiles para que voltasse a lutar ao lado dos aqueus. Um herói não pode abandonar seus amigos, na hora em que eles mais precisam. O rei oferecia uma riqueza tal, em presentes, que eram uma honraria digna dos maiores homens. Aquiles respondeu, afirmando o enorme sofrimento que Agamenon lhe causou ao tomar dele a escrava. E aquelas súplicas deviam ser um logro do rei e do próprio Odisseu, que só queriam a sua ajuda para vencer os troianos. Fênix toma a palavra e evoca, para Aquiles, a sua própria juventude, quando foi empurrado por sua mãe a deitar-se com a outra mulher do seu pai. O pai descobriu e o amaldiçoou - ele jamais poderia ter filhos dele mesmo. Revoltado, Fênix deixa sua casa, mesmo sob as súplicas de todos. Após vagar, é encontrado e acolhido por Peleu, rei da Ftia. Peleu lhe designou a educação do pequeno Aquiles. O menino foi então criado por um verdadeiro pai. Fênix faz um discurso emotivo, perguntando a Aquiles o que ele, um velho, fará caso Aquiles vá embora. A Odisseu, Aquiles havia dito que a guerra não mais o interessava. O zelo pela honra ferida foi tão grande que nada, a não ser Zeus, poderia restaurá-la. Nada que lhe oferecessem seria digno dele mesmo. A própria honra heróica se desvaloriza, nada mais pode advir de um grande feito. Mas Fênix tentava convencê-lo a aceitar as súplicas e os presentes. O próprio Fênix, no passado, não atendeu às súplicas dos seus concidadãos e familiares, mas recuperou sua honra ao assumir o compromisso com Peleu e Aquiles. Esses laços precisam contar para o herói. Aquiles precisa escutar este pai, que lhe fala do passado e das consequências dos atos de hoje, e que lhe pede moderação. Peleu recorre a uma segunda história, da guerra entre os etólios e os curetes: Eneu, rei etólio, deixou de oferecer suas primícias a Ártemis. A deusa enviou um javali, que começou a arrasar a plantação. Eneu chamou a ajuda dos curetes, um povo vizinho. Meleagro, seu filho, conduziu o enfrentamento à fera, que foi morta. Teve início uma disputa entre os curetes e os etólios sobre quem ficaria com o corpo do javali. Durante esta, Meleagro golpeou por acidente o irmão de sua mãe. A rainha o amaldiçoou, enviando-lhe as Erínias. Meleagro, então, retirou-se da luta contra os curetes. Logo o fogo se espalhou na etólia. A rainha arrependeu-se e suplicou ao filho para que aceitasse presentes, enquanto honrarias, e voltasse a lutar. Meleagro não aceitou. A destruição aumentou e, desesperada, a esposa de Meleagro lhe fala do destino das mulheres e das crianças das cidades subjugadas numa guerra. Isso despertou Meleagro, que apresentou-se ao lado dos seus amigos e levou os etólios à vitória. Melagro venceu, mas não recebeu os presentes que sua mãe lhe havia oferecido. Ele havia perdido o tempo das súplicas dela. A não aceitação das suplicas de Agamenon e dos amigos, por parte de Aquiles, é uma desonra que este faz a eles. É uma vileza que desonra o próprio Aquiles. O herói conta com uma honra vinda diretamente de Zeus mas, assim, comete o mesmo erro de Agamenon quando este, no Canto 1, acreditava estar sendo favorecido pelo Pai dos Deuses e dos homens. Agamenon saiu de sua perdição, mas Aquiles entra numa perdição maior do que a do rei. Sua cólera torna-se indigna, e adentra a escuridão, ao se identificar com as Erínias. Mas, ao pensar que está se vingando dos aqueus, Aquiles persegue a si mesmo, é as Erínias de si mesmo. A vítima dele será o seu amor maior: Pátroclo será sacrificado como o javali da discórdia. A honra a Aquiles será cumprida por Zeus, mas não será a honra luminosa que o heroi espera, e sim uma honra funesta. Aquiles não apenas ficará sem a distinção que Agamenon lhe oferece, mas se tornará cego e selvagem quando Pátroclo morrer. Ele matará Heitor, será o maior dos aqueus, a um terrível preço.
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