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Escassez de alimentos, inflação de três dígitos, apagões diários e uma taxa de desemprego de 50%. Não, não estamos falando da Venezuela, tão pouco da Coreia do Norte, mas sim, do Líbano, um país que outrora foi conhecido como a pérola do oriente médio, mas que hoje sofre uma calamidade humanitária sem precedentes. Segundo uma avaliação do Banco Mundial, a atual crise libanesa é uma das três maiores dos últimos cento e cinquenta anos. Essa crise, aliás, é tema de preocupação inclusive no Brasil, já que provavelmente até dez milhões de brasileiros possuem ascendência libanesa. E não só isso, mas muitos mantém conexões culturais e familiares dentro daquela nação. Para se ter ideia da proporção que isso representa, atualmente o Líbano conta com pouco mais de seis milhões de habitantes, o que significa que os brasileiros de ascendência libanesa superariam a população que permaneceu no país numa proporção de quase dois pra um. O efeito borboleta dessa crise pode realmente nos impactar e nós já deveríamos estar falando sobre isso. Mas antes de abordarmos realmente como essa pauta poderia afetar o Brasil, cabe falar um pouco das raízes do desastre financeiro do Líbano, visando uma melhor compreensão das suas origens e causas. O século XX foi bastante turbulento para o Líbano. Em 1943, o país conseguiu sua independência da França, na esteira da onda nacionalista que varreu muitos países da África e oriente médio. Mas se a subordinação aos europeus era indesejável, o governo das elites locais também não se saiu nada melhor e o Líbano acabou enfrentando quinze anos de guerra civil durante o auge da guerra fria.
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