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No último dia 09 de maio, faleceu o reverendo Hélio de Albuquerque Lima, o primeiro missionário transcultural enviado ao exterior pelo ministério da Assembleia de Deus na Paraíba. Nascido em 1938 na cidade de Monteiro, no Cariri paraibano, casou-se aos 22 anos com a irmã Lindalva Marinheiro Lima, com quem teve dez filhos, sobrevivendo oito. Em 1961, converteu-se ao evangelho na Igreja Congregacional de João Pessoa, no ano seguinte, aderiu à doutrina pentecostal, tornando-se membro da Assembleia de Deus. No inicio da fé, logo demonstrou ser um crente atuante, espalhando o evangelho de Jesus Cristo, cantando, tocando seu instrumento e pregando nas feiras livres do interior da Paraíba. Como empreendedor, obteve sucesso nos anos sessenta, administrava uma fábrica de temperos, cinco casas de aluguel e uma grande lanchonete. Esses negócios seriam suficientes para sua satisfação, mas Deus tinha outros planos para sua vida. Em 1968, o pastor Antônio Petronilo dos Santos o convidou para liderar um campo missionário entre os índios da aldeia São Francisco, na Baía da Traição. O irmão Hélio, em seu testemunho, expressa que nunca desejou fazer parte do ministério, temendo a responsabilidade de ser pastor, resistiu enquanto pôde. Sua situação financeira era estável, mas inesperadamente, as coisas começaram a desandar. Uma multa aplicada à sua fábrica foi tão elevada que nem a venda das máquinas foi suficiente para cobri-la. Os clientes da lanchonete sumiram, deixando prateleiras vazias. Foi forçado a vender as casas de aluguel em busca de novas oportunidades de negócios, que também não prosperaram. Aceitando o chamado de Deus, abandonou suas atividades anteriores e dedicou-se integralmente ao serviço divino. O pastor Hélio trocou o conforto de sua casa por uma moradia doada por uma indígena, uma choupana, metade construída de palha e a outra de taipa, sem eletricidade. Percorria um quilômetro para buscar água e viajava a pé por aldeias distantes, percursos de dezoito e sessenta quilômetros. Saía do culto às 21h00 e só chegava em casa às 4h00 da manhã. Sem recursos para adquirir uma lanterna, enfrentava longas caminhadas no escuro. Nos dias mais afortunados, comprava três pães, dividia-os entre os filhos e confiava na providência divina para si e sua esposa. Foi assim que iniciou o trabalho na Aldeia São Francisco. Em 1975, foi chamado para estabelecer um novo trabalho na cidade de Umbuzeiro. Em um evento ao ar livre, oito pessoas aceitaram a Jesus. Os primeiros cultos ocorreram no antigo clube da cidade, gentilmente cedido pelo prefeito local, até a conclusão do primeiro templo, construído no ano seguinte. Em 1980, enfrentou o maior desafio de sua vida ministerial, atendendo ao convite do Pastor Antônio Fernandes das Chagas, atravessou a fronteira rumo à cidade boliviana de Porto Suarez. Chegou à Bolívia durante um período de intensa instabilidade política. O comandante das Forças Armadas, Luiz Garcia Meza, e grupos paramilitares, não reconhecendo o resultado das eleições, depuseram a presidente em exercício e tomaram o poder. Em um regime autoritário, qualquer suspeita era motivo para execução ou prisão. Em uma inspeção rotineira realizada pela polícia do exército, o missionário Hélio foi falsamente acusado de espião e impostor, sendo condenado à morte. Um milagre o salvou de uma punição injusta.
Após onze anos na Bolívia, retornou à Paraíba. Serviu como pastor em diversas cidades paraibanas, incluindo Baía da Traição, Santa Cruz, Cacimba de Dentro, Araruna, Umbuzeiro, Solânea, Rio Tinto e Mataraca. Em 2005, reassumiu a Assembleia de Deus em Umbuzeiro e, em 2021, concluiu seu ministério na Aldeia São Francisco, em Baía da Traição, onde tudo havia começado.
Pastor, missionário, escritor, compositor e cantor, Hélio de Albuquerque Lima foi um grande homem de Deus, um servo humilde e manso, qualidades cada vez mais raras nos dias atuais. Dedicou mais de cinquenta anos exclusivamente ao trabalho divino, deixando um legado imensurável. Este é um breve relato da vida do missionário Hélio de Albuquerque Lima. Que Deus, em Cristo, conforte seus familiares. Paz sobre sua memória!
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